Em julho de 1953, a Companhia Portuguesa de Celulose deu início aos ensaios de produção de pasta e papel numa fábrica construída em Cacia, no distrito de Aveiro, no centro da maior mancha florestal de eucalipto em Portugal.  Foi na Fábrica de Cacia (imagem acima) que, em 1957, e pela primeira vez a nível mundial, se produziu pasta de papel a partir de eucalipto pelo processo Kraft, considerado excelente para o fabrico de papel de alta qualidade.

Esta fábrica foi um marco crucial de inovação para este setor em Portugal e um ponto de viragem que estabeleceu Portugal como uma referência internacional. Representa também o início de uma jornada que viria a transformar uma empresa portuguesa num dos principais fabricantes mundiais de pasta de papel branqueada de eucalipto (BEKP) e papel não revestido sem madeira (UWF): a The Navigator Company.

Atualmente, a produção do Complexo Industrial de Cacia atinge um volume anual de cerca de 320 mil toneladas de pasta branqueada de eucalipto, que é transformada em papéis especiais como décor ou tissue de alta qualidade). Integra também uma central de cogeração a biomassa associada à fábrica de pasta e uma central termoelétrica de biomassa para a produção de energia renovável.

Com arranque previsto ainda no primeiro semestre de 2024, a Navigator tem vindo a desenvolver um projeto de construção de uma nova fábrica no Complexo Industrial de Cacia, que estará dedicada à produção de recipientes em celulose moldada. O objetivo é que estes recipientes substituam embalagens de plástico de uso único nos pontos de venda nos segmentos de food packaging e food service. Esta fábrica terá uma capacidade inicial de cem milhões de peças em celulose moldada.

O aproveitamento das partes não comestíveis dos animais é uma prática que remonta à Antiguidade. Durante séculos, esse aproveitamento resumia-se à remoção da gordura dos tecidos para fabricar velas e sabão. Já no início do século XIX, foram criadas as primeiras regras para o encaminhamento destes subprodutos, de forma a potenciar a sua reutilização, naquilo que se pode considerar o início da economia circular. Foi nesta altura que começaram a surgir as primeiras unidades para tratamento de subprodutos de origem animal, também conhecidas por “recicladoras” ou “fábricas de sebo”.

No século XX, mais precisamente na década de 70, surgiram as primeiras empresas que viriam a dar origem ao Grupo ETSA, cuja atividade assenta na reciclagem de subprodutos de origem animal, transformando-os em bioprodutos. Os benefícios são vários, tais como potenciar a reciclagem de nutrientes e de energia através da reintrodução na própria cadeia e retirar do meio ambiente substâncias com elevado potencial de contaminação. Este conceito de economia circular reduziu a dependência de fontes vegetais, diminuindo assim a procura por áreas cultiváveis e assim minimizando a destruição de florestas.

Agora, e já com meio século de experiência, a ETSA é um operador de referência em indústrias tão diversas como a farmacêutica, nutracêutica, alimentação humana, fertilizantes, rações para animais, biodiesel ou aquacultura.

2023 marcou o centenário da Fábrica da Maceira-Liz, em Leiria, detida pela Secil, empresa que se dedica à produção e comercialização de cimento, betão, agregados, argamassas e cal hidráulica.

A Fábrica da Maceira-Liz tem-se destacado, ao longo destes 100 anos, como um dos mais inovadores projetos industriais alguma vez realizados em Portugal. Construída entre 1919 e 1923, no rescaldo da I Guerra Mundial e da crise severa que resultou da gripe pneumónica, o projeto foi, na altura, considerado o mais moderno do mundo. Da visão estratégica e da capacidade de inovação, resultou uma fábrica que marcou uma evolução determinante no fabrico do cimento e no setor da construção.

Pela sua localização e tipo de estrutura fabril, a Fábrica da Maceira-Liz veio desempenhar um papel relevante e pioneiro na estratégia de inovação da Secil. 100 anos depois, a fábrica da Maceira continua atual, estando alinhada com os roteiros de descarbonização e sustentabilidade da indústria cimenteira mundial, europeia e nacional, que preveem a neutralidade carbónica da cadeia de valor do cimento e do betão em 2050. Neste contexto, a Secil tem previsto para esta unidade industrial um projeto de redução das emissões de CO2 e melhoria da eficiência energética.

É visível que a inovar faz parte do ADN da Secil. A sua estratégia de inovação evoluiu sempre, através de novos produtos, novos materiais e novas soluções de eficiência energética. Desde o projeto Clean Cement Line, que permite a criação de uma gama de cimentos de baixa pegada ecológica, ao projeto Baterias 2030 que une a ciência e a tecnologia em torno do tema da produção, armazenamento e gestão sustentável de energia, entre muito outros, a Secil continuará a surpreender-nos por muitos mais anos.