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“O Grupo Semapa é inovador na sua essência”

Num contexto empresarial, a inovação vai além do desenvolvimento e da entrega de novos produtos, serviços, processos e modelos de negócio, começa com o alinhamento das capacidades e das atividades destinadas a criar valor e impulsionar o crescimento económico e organizacional.

Catarina Marques, licenciada em Relações Internacionais pela Universidade do Minho e com mestrado em Gestão na Católica Lisbon School of Business and Economics, onde foi também professora assistente, é atualmente Head of Innovation da Semapa e nesta entrevista explica a importância da inovação no Grupo e como acrescentar-lhe valor.

 

Qual tem sido o papel da inovação no percurso do Grupo Semapa?

Apesar da maior parte das empresas participadas do Grupo Semapa pertencerem a setores tradicionais da indústria, como o cimento ou a pasta e o papel, estas empresas foram pioneiras no seu tempo e nasceram de processos de inovação. Quando a Secil começou a produzir cimento há 100 anos na Maceira ou a Navigator pasta há 70 anos em Cacia, ambas o fizeram alicerçadas em processos verdadeiramente inovadores.  Desde então, só com inovação constante nos seus processos e produtos foi possível alcançar este patamar de desenvolvimento que ambas as empresas atingiram ao longo do tempo. É este o papel da inovação: provocar a cultura que garante que a melhoria contínua é uma constante e que os saltos quânticos são sempre acompanhados, como forma de nos continuarmos a manter pertinentes e competitivos.

Pode dar alguns exemplos?

Para citar alguns exemplos recentes, a The Navigator Company entrou no packaging e começou a produzir tissue. A Secil “incubou” a UTIS em conjunto com o seu parceiro e também tem vindo a criar cimentos que são adaptados às necessidades dos arquitetos. Por outro lado, a ETSA tem investido na diversificação do seu produto final com novas soluções desenvolvidas internamente no seu laboratório de I&D. A Triangle’s nasceu da vontade de revolucionar a forma de produzir quadros para bicicletas. São apenas alguns exemplos. O Grupo parte de um lugar de inovação, somos inovadores na nossa génese.

Atualmente, qual é a estratégia de inovação da Semapa?

O nosso objetivo é acrescentar valor à inovação que já se faz dentro do Grupo e fazer uma jornada entre o reativo e o intencional, isto é, de que forma é que somos profundamente responsáveis, de fio a pavio, pela inovação que geramos. Queremos que a inovação não seja uma resposta, mas uma construção. Entendemos que a importância da inovação não reside apenas na manutenção da competitividade nos nossos atuais setores, no presente e no futuro, como também é um passo fundamental para desbloquear novas formas de fazer, maiores níveis de otimização, eficiência, sustentabilidade e proximidade às comunidades. A inovação, que até agora estava muito preparada para responder à eficiência, tem de estar pluripreparada para responder a todos os desafios. A importância da inovação para o Grupo Semapa é esta, a pertinência e a validade dos nossos setores nas necessidades futuras da humanidade, porque estamos a falar do ambiente, das comunidades e, sobretudo, de pessoas. A inovação passa por esta responsabilização e capacidade de ação.

 

Como é feita a transição da inovação reativa para a intencional?

Para conseguirmos essa transformação fomos conhecer bem as nossas empresas dentro destas áreas de inovação. Perceber o que correu bem para termos gerado estas soluções. Isso foi necessário para nos conseguirmos alavancar nessas boas práticas, nesses bons processos, e podermos tangibilizá-los. O passo para transitar de inovação reativa para intencional passa exatamente por criar o processo e dotar as equipas dos recursos necessários para inovarem de forma deliberada.

Existem vários tipos de inovação?

Quando falamos de uma otimização de processo ou de uma otimização do nosso atual produto, no nosso atual mercado, falamos de inovação core.

Nas empresas do Grupo isto é crucial. Falamos, por exemplo, de otimizações à cor do papel ou otimizações ao processo de produção de cimento, transformando-o de forma a ser mais sustentável, eficiente, entre outros. Existe um objetivo de acordo com aquilo que são as metas de cada uma das nossas empresas. Quando saímos do nosso atual produto e do nosso atual mercado, mas ainda estamos próximos do eixo desta matriz, começamos a falar de inovação adjacente. Isto é, por exemplo, entrar num novo mercado com um novo tipo de papel ou produzir um novo tipo de produto com o cimento. Por último, quando saímos totalmente do nosso produto e mercado, falamos de inovação transformacional. São as chamadas ideias disruptivas. Aqui o objetivo é gerarmos negócios que possivelmente um dia virão a ser o futuro portfólio da nossa empresa. Um bom caso deste tipo de inovação é a parceria na UTIS, que surgiu como uma tecnologia com benefícios claros para a eficiência energética da Secil e rapidamente ganhou asas para conquistar o seu mercado.

De que forma os objetivos para as empresas participadas serão atingidos?

Começa por criar uma linguagem comum. Foi criado um Fórum de Inovação, onde todas as empresas do Grupo participam. O Fórum é a forma de construirmos, colaborativamente, o objetivo de todas empresas participadas terem a inovação ainda mais marcada no seu ADN. A Semapa, enquanto holding destas empresas, procura ter uma postura ativa, colaborativa. Queremos construir em conjunto áreas que achamos que podem acrescentar valor às nossas participadas.  É a partir deste fórum que se vai criar um playbook, a base estrutural do que é este desenho de processo, de estrutura de inovação e de report de inovação. Isto vai permitir-nos, no futuro, ter as empresas transversalmente orientadas para serem mais inovadoras. Passam a poder comunicar na mesma língua e a poder comparar e sinergicamente criar grupos de trabalho. A ideia é ainda que este playbook possa ajudar as futuras empresas participadas a criar os seus próprios processos e a alinhar mais rapidamente com as práticas do Grupo.

Estão a criar uma cultura de inovação no Grupo?

Não diria “criar” uma cultura de inovação no Grupo, essa sempre existiu, mas talvez uma cultura de inovação de Grupo. Se todos os colaboradores estiverem a contribuir para o mesmo objetivo de inovação, inerentemente todos saberão que isto faz parte do seu dia a dia e, por isso, faz parte da cultura na qual estão inseridos.

As pessoas precisam de ser desafiadas a pensar diferente, mas também precisam de ter algum espaço para poder pensar diferente. Isso é algo que deve ser considerado se as nossas empresas quiserem, transversalmente, ser mais inovadoras. Acho que todos estamos alinhados no sentido de não querermos uma estrutura isolada de inovação. Não queremos que a inovação seja um departamento ou uma área, queremos que seja transversal.